Como seria esse lugar da intimidade bem guardada? O que acontece aos bem guardados da alma? Será que o que se diz íntimo dentro de nós, tem vida própria e se mexe procurando novos lugares no lado de dentro?
Imaginando o fundo, imagina-se guardados. Os guardados aderem ao fundo, a profundidade estampa seus guardados e os guardados são a profundidade estampada em nós. A profundidade é aderente. Guarda bem seus guardados, ilustrando caminhos, desenhando percursos, imaginando encruzilhadas, passos em falso, deslizes, desníveis, desvios — o percurso imaginativo da profundidade.
Os guardados são guardiões da alma. Protegem nossa integridade intima, mantém e atualizam nosso corpo profundo. São imagens e bem aqui, a alma está em casa. É ela quem nos percorre, quem nos aprofunda, é o quem em nós que não desiste de nós por imaginarnos aptos a descidas. Essa perpsectiva – a alma – sabe seu endereço. Mora nas imagens.
O ato de guardar, estampa. O bem guardar, transparece. Talvez no guardar-se predomine a tendência a estampar-se. E a própria marca-estampa tenda também a se resguardar. Como num movimento de abrir e fechar gavetas, num piscar de olhos duradouro, o que se guarda, te estampa.
Juliana Delgado