Trecho da apresentação:
Invasão, desconsideração, submissão, abuso, coerção, constrição…
Quente, árdego, fogo.
Raiva, zumbido quente que bole a mente e faz pensar diferente.
Sai a civilidade, entra a necessidade, a urgência de si mesmo.
O oposto da raiva é o reconhecimento, diz Rafael López-Pedraza.
Conhecemos a raiva solta, desconectada, que assim é agressão ou descarga insalubre, inútil.
Mas raiva não se desopila, lapida-se.
Lapidada é força lúcida da vida no mundo em que vivemos.
A raiva bruta de uma rejeição, lapidada, espelha um auto respeito fraco.
A raiva por uma invasão sofrida mostra mais que desrespeito alheio, mostra a falta de posse do dono.
Na raiva algo pede para vir ao mundo. Rubedo. Vermelho.
Regina Sampaio
Trecho da discussão:
Cecília Marcondes: Isso coloca a raiva em outro lugar.
Rosa Blanco: …é falta de posse do dono.
Gustavo Barcellos: …o que aplacaria a raiva é o reconhecimento.
Marla Anjos: …a relação do reconhecimento com a desconsideração …essa não posse está aí, é algo que foi desconsiderado, não pelos outros, mas em mim. É algo que eu desconsiderei, que não cuidei e agora está pedindo para ser reconhecido.
Isabel Labriola: …uma coisa que poderia nos queimar, mas ela ode aquecer… ela faz recozinhar as coisas alquimicamente.
Gustavo Barcellos: …há lugar na cultura para a raiva ?
Hermenegildo Anjos: Há respeito?