Clínicas arquetípicas, no plural. O debate toca diretamente a principal crítica a que se expõe a psicologia arquetípica no cenário internacional: a de que uma psicologia arquetípica não é clínica. O termo — clínica — necessita, portanto, ser re-animado, como tantos outros desse mesmo campo que a psicologia arquetípica vem re-imaginando: processo, individuação, patologia, terapia, sintoma. O modelo médico naturalmente espreita com suas imagens, seu pensamento, seu perigo. Mas a raíz grega klínein — que significa curvar-se, inclinar-se — pode nos ajudar a lançar o termo, e sua prática, rumo a um imaginário diverso. Curvar-se… à alma?
A proposta é pensarmos nossas “clínicas,” não através do literalismo das receitas e das fórmulas; mas a própria clínica re-pensada fundamentalmente como uma perspectiva diante do trabalho imaginativo da psique. Como, então, as formulações da psicologia arquetípica podem nos ajudar a imaginar a clínica, e que contribuições originais podemos engendrar? O plural do título ecoa o plural de uma psique politeísta. O arquétipo fraterno é uma dessas variantes, talvez ainda a mais negligenciada em nossas práticas.
Gustavo Barcellos